Apesar de apreciar o meu belo calorzinho, nunca coloco de parte a oportunidade de ir à uma praia, mesmo que o tempo esteja assim para o farrusco.
Aliás, com chuva, é muito agradável ficar no carro ou, melhor ainda, num café quentinho, e apenas observar a paisagem e ouvir o som.
Não sou esquisita com as praias, mas sou esquisita com gente em excesso, e gente em excesso quer dizer, também, aquela malta que tem um areal imenso à disposição e se vem abancar a uma distância que não é permitida pelas indicações de prevenção do covid 19, muito menos pelas indicações de tolerância dos introvertidos anónimos.
A não ser que tenham cães simpáticos. Tenho mais facilidade em meter conversa com os cães do que com as pessoas.
Uma ida à praia, mesmo com a logística que implica duas crianças, e mesmo quando era uma criança pequena e um bebé, quer dizer sempre inspiração.
Quando era miúda, e até bem dentro da adolescência, gostava de desenhar a minha praia, aquela onde passava sempre as férias na infância.
Depois, começou a entrar também nas histórias, porque passei a escrever mais do que a desenhar.
Ainda hoje a consigo encaixar.
Esta praia onde fui hoje, lá está, tem falésias, tem as ondas a bater com aquele som que nos acalma a mente, tem algum sossego e, se olharmos bem, também tem histórias escondidas.
Uma pessoa tem de andar sempre com um caderno de apontamentos à beira, ou, quando se é um escritor pouco profissional e não se anda sempre com um caderno, o primeiro pedaço de papel que apanhar e o lápis diminuto que, esse sim, anda sempre enfiado dentro da mochila.

